terça-feira, 23 de dezembro de 2014

NATAL... NASCIMENTO...
 

 
“(…) Natal me deixa triste. Porque, por mais que o procure, não o encontro. Natal é uma celebração. As celebrações acontecem para trazer do esquecimento uma coisa querida que aconteceu no passado. A celebração deve ser semelhante à coisa celebrada. Não posso celebrar a vida de Gandhi com um churrasco. Ele era vegetariano, amava os animais. Uma celebração de Gandhi teria de ser feita com verduras, água, leite e um falar baixo. Mais a leitura de alguns textos que ele deixou escritos. Assim Gandhi se tornaria um dos hóspedes da celebração. Agora, um visitante de outro planeta que nada soubesse das nossas tradições, se ele comparecesse às festas de Natal, sem que nenhuma explicação lhe fosse dada, ele concluiria que o objeto da celebração deveria ser um glutão, amante das carnes, bebidas, do estômago cheio, das conversas em voz alta, do desperdício. Nossas celebrações de Natal são como as cascas de cigarra agarradas às árvores. Cascas vazias, das quais a vida se foi. Se perguntar às crianças o que é que está sendo celebrado, eles não saberão o que dizer. Dirão que o Natal é dia do Papai Noel, um velho barrigudo de barbas brancas amante do desperdício, que enche os ricos de presentes e deixa os pobres sem nada. (…) Pois é certo que as celebrações do Natal são orgias de ricos, celebrações do desperdício e lixo. Celebrações do lixo? Aquelas pilhas de papel de presente colorido em que vieram embrulhados os presentes, não são elas essenciais às celebrações? Rasgados, amassados, embolados num canto. Irão para o lixo. Quantas árvores tiveram de ser cortadas para que aqueles papéis fossem feitos. Para quê? Para nada. A indiferença com que tratamos o papel de presentes é uma manifestação da indiferança com que tratamos a nossa Terra. Estou convidando meus amigos para uma celebração de Natal. Ela deverá imitar a ceia que José e Maria tiveram naquela noite: velas acesas, um pedaço de pão velho, vinho, um pedaço de queijo, algumas frutas secas. À volta de um prato de sopa de fubá – Comida de pobre –, tentaremos reconstruir na imaginação aquela cena mansa na estrebaria, um nenezinho deitado numa manjedoura, uma estrela estranha nos céus, os campos iluminados pelos vaga-lumes. E ouviremos as velhas canções de Natal, e leremos poemas, e rezaremos em silêncio. Rezaremos pela nossa Terra, que está sendo destruída pelo mesmo espírito que preside nossas orgias natalinas. (…)”

Este foi e continuará sendo O MEU GRANDE AMOR – RUBEM ALVES. Um tanto duro na explanação!? Pode ser! Mas dura e triste é a realidade que viemos a escolher a cada amanhecer – Escolhemos presentear Jesus ou a nós mesmos!? Enchendo “nosso saco de presentes” com “quinquilharias”!? Aqui Rubem Alves se manifesta como sempre se manifestou, sem deixar de ser verdadeiro. O choque na narrativa geralmente tem o propósito de chamar o leitor através do choque mesmo – porque, afinal de contas o que DE FATO COMEMORAMOS!?   Será que temos consciência de que o mundo é mais do que apenas a extensão de nossos sentidos, mais do que nossos propósitos, mais do que somos?
Que tenhamos sempre como companheiras a caridade e a compaixão, que melhoram muito a forma como avaliamos, julgamos e tomamos decisões enquanto seres sociais! Será que procuramos ser caridosos, amamos, respeitamos e reconhecemos como semelhantes, o próximo mais próximo de nós como a nós mesmos, APENAS NA VÉSPERA DO NATAL – COMENDO ATÉ NÃO SOBRAR MAIS ESPAÇO? BEBENDO ATÉ CAIR? ENCHENDO AS LIXEIRAS DE PAPÉIS E NOSSO IRMÃO MAIS PRÓXIMO DE PROMESSAS!?     

É o nosso desafio para o AGORA! Desafio que escreverá o futuro...

Será que temos de fato dentro de nossas mentes e em nossas essências de Filhos de Deus a consciência mais viva de que O NASCIMENTO DE JESUS É O GRANDE PRESENTE DE DEUS A TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE OU NÃO!?  – QAFINAL, RECEBEMOS ATRAVÉS DESTE MENINO, A CERTEZA DA VIDA ETERNA... O QUE ENTÃO DAREMOS DE PRESENTE A JESUS NESTE NATAL!? Uma camisa ou calça de marca!? Um perfume do momento ou o carro do ano!? A viagem ao país das maravilhas e da suntuosidade? Ou nos esforçaremos para buscarmos em nossas essências o que possuímos de melhor, para que pensemos em nível de eternidade... a partir de gestos compartilhados em “comum unidade” aqui em meio a humanidade!?

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