terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ainda Hoje

 
Irritavas-te, ainda hoje, no justo momento da caridade. E pensavas contigo mesmo: “valerá suportar a bílis do companheiro encolerizado, desculpar o insulto da ignorância, sofrer sem revolta aos golpes da violência e ajudar aos que me incomodam na via pública?” Refletias a extensão do mal e confiavas-te ao desespero. Entretanto, não se pode julgar o campo pelo talo de erva, nem avaliar espiritualmente a multidão pelo movimento da praça. O amigo que te oferece o semblante áspero guarda provavelmente um espinho de aflição a espicaçar lhe o peito, a pessoa que te injuria talvez padeça lastimável cegueira, a mão que te fere expõe o próprio desequilíbrio e esses rostos ulcerados que te pedem consolo trazem também consigo um coração suspirando por Deus. Deixa que a bondade se externe por ti, estendendo a fonte da esperança e a melodia da bênção. Silencia a palavra candente e apaga todo impulso de crueldade . Ergue ainda hoje os que caíram. Amanhã, é provável necessites escudar-te naqueles que levantas. Reflitamos no Eterno Amigo que passou na Terra, compreendendo e servindo, sem descrer do amor, embora sozinho nos supremos testemunhos da própria fé. Ampara, alivia, ilumina e socorre sempre. Todo auxílio na obra do bem é uma prece silenciosa. E, toda vez que auxilias, o anjo da caridade está perto, orando também por ti.

MEIMEI

 

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