quinta-feira, 25 de dezembro de 2014


A MANJEDOURA
 
As comemorações do Natal conduzem-nos o entendimento à eterna lição de humildade de Jesus, no momento preciso em que a sua mensagem de amor felicitou o coração das criaturas, fazendo-nos sentir, ainda, o sabor de atualidade dos seus divinos ensinamentos. A Manjedoura foi o Caminho. A exemplificação era a Verdade. O Calvário constituía a Vida. Sem o Caminho, o homem terrestre não atingirá os tesouros da Verdade e da Vida. É por isso que, emaranhados no cipoal da ambição menos digna, os povos modernos, perdendo o roteiro da simplicidade cristã, desgarra-se da estrada que os conduziria à evolução definitiva, com o Evangelho do Senhor. Sem ele, que constitui o assunto de todas as ciências espirituais, perderam-se as criaturas humanas, nos desfiladeiros escabrosos da impiedade. Debalde, invoca-se o prestígio das religiões numerosas, que se afastaram da Religião Única, que é a Verdade ou a Exemplificação com o Cristo. Com as doutrinas da Índia, mesmo no seio de suas filosofias mais avançadas, vemos os párias miseráveis morrendo de fome, à porta suntuosa dos pagodes de ouro das castas privilegiadas. Com o budismo e com o xintoísmo, temos o Japão e a China mergulhados num oceano de metralha e de sangue. Com o Alcorão e com o judaísmo, temos as nefandas disputas da Palestina. Com o catolicismo, que mais de perto deveria representar o pensamento evangélico, na civilização ocidental, vemos basílicas suntuosas e frias, onde já se extinguiram quase todas as luzes da fé. Aí dentro, com os requintes da ciência sem consciência e do raciocínio sem coração, assistimos as guerras absurdas da conquista pela força, identificamos o veneno das doutrinas extremistas e perversoras, verificamos a onda pesada de sangue fratricida, nas revoluções injustificáveis, e anotamos a revivescência das perseguições inquisitórias da Idade Média, com as mais sombrias perspectivas de destruição. Um sopro de morte atira ao mundo atual supremo cartel de desafio. Não obstante o progresso material sente a alma humana que sinistros vaticínios lhe pesam sobre a fronte. É que a tempestade de amargura na dolorosa transição do momento significa que o homem se mantém muito distante da Verdade e da Vida. As lembranças do Natal, porém, na sua simplicidade, indicam à Terra o caminho da Manjedoura... Sem ele, os povos do mundo não alcançarão as fontes regeneradoras da fraternidade e da paz. Sem ele, tudo serão perturbação e sofrimento nas almas, presas no turbilhão das trevas angustiosas, porque essa estrada providencial para os corações humanos é ainda o Caminho esquecido da Humildade.

Do livro ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL

Francisco Cândido Xavier

 

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