domingo, 7 de outubro de 2012


 Preenchendo os vazios de M’Alma!


O Amor, a compaixão, me conduziu ao seu encontro.
Lembro-me como se fosse hoje...
Você avistou um cartão diferente
Que havia feito para presentear Cidinha e...
Resolveu pedir-me ajuda...
Queria presentear um amigo que se aniversariava...
E assim como um vento à beira mar,
A vida nos levou a sentir “a certeza do necessitar”...
Você precisou de mim... Eu precisei de você...
Passamos a nos precisar...
O VERBO transformado em energia imperativa
Firmou em SER O COMPLETAR.
Sua Presença Amiga me completava...
Seu olhar de Admiração me incentivava...
Sua Companhia nos cafés das manhãs
Fazia-me esquecer do corre-corre do dia...
À noitinha iríamos nos encontrar...
Iríamos partilhar sentido, visão, audição...
Iríamos Experimentar tato, paladar, olfato...
Iríamos segredar o que silenciosamente
Pedia a Voz de Nossa Intuição.
Como era Largo seu sorriso...
Como era forte e caloroso seu abraço!
Enxergar, alertar sem querer punir...
Sua Viciada necessidade de “comer” com prazer
Tudo que a fazia padecer,
Passou a pedir-me que mais e mais cuidasse de Você...
Você sempre se viu como “A velha máquina”
Fabricada para trabalhar...
Mesmo assim, quantos momentos alegres
e divertidos juntas tivemos...
Fomos Muito Ecléticas...
Misturávamo-nos nossos gostos...
Passei a gostar até de Zezo, quem diria!?
Dormíamos tarde...
Acordávamos muito cedo, sempre...
Amávamos bichos...
A Midoca, foi a primeira da fila de tantas outras...
Como assimilavam nossas manias...
Havíamos nascido para SERMOS TIAS...
Não nos preocupávamos tanto com dinheiro...
Os sobrinhos precisavam, a tia tinha que ter...
Juntas construímos um círculo de Grandes Amigos...
Pensávamos em muita coisa juntas...
Em manter o mundo ao nosso redor
Agradável e Acolhedor...
Em poder passear pelo mundo em todas as estações...
Em curtir “A festa da padroeira de sua cidade”,
A Senhora da Saúde;
Comer Carne de bode... Umbuzada... Murici...
Retornar à Caldas Novas, Sem pressa para voltar...
É Claro que ainda tínhamos um ou outro plano
Que se planejava só...
Planejei ter filhos...
Você mais uma vez seria Tia...
O nome dele já estava escrito – Seria Carlos Eduardo...
Imaginávamos o quanto eu seria disputada...
Como você era ciumenta... Possessiva! Exclusivista!
Seu mal maior! Talvez o único!
Mas, já havia me acostumado...
A culpa era minha... 
Havia lhe deixado mal acostumada...
Com tanto mimo... Com tanto zelo... Com tanto calor...
Adorávamos cozinhar juntas aos Domingos...
Passear sem destino certo... Ler... Conversar...
Repensar os erros cometidos,
Relembrar a adolescência, a juventude...
Refazer alguns caminhos na mente...
Visitar a Mãe Bela... A Vó Maria... A Francisquinha...
A Madrinha Santa...O Tio João Serafim...O Pedro Soares...
Faxinávamos a casa, lavávamos as roupas...
E por incrível que pareça tínhamos tempo para tudo!
Principalmente para ouvir musica e dançar!
E como dançamos...
Eu, Você, o Zezo, Strauss, Skank e muito mais...
Pensamos em quase tudo...
Na casa própria, na vida após a morte,
Na velhice, na aposentadoria...
Só nos esquecemos de que o medo de pensar na morte
Roubou-nos a oportunidade
de juntas traçarmos o caminho
Que sem tanta dor ou Saudade,
Conduzir-nos-ia ao nosso reencontro...
Conduzir-nos-ia ao mundo do Criador...
Perdemos a oportunidade de exercitar
nosso “diálogo telepático”...
Afinal, se juntas tivéssemos preparado
para seguir em uma viagem,
Como várias vezes preparamos tantas outras,
Descobriríamos com mais facilidade
que não teria motivos para pânico;
Você jamais estaria fora de meus pensamentos
Agora que está apenas fora de minhas vistas!
Esquecemo-nos completamente
que o Destino separa as pessoas...
Mas que poderia continuar sendo para mim,
O que sempre Foi: Minha Melhor Amiga!
Meu Raro Tesouro!
Tínhamos medo de nos perder de vista;
E com certeza, você sofreu tanto quanto eu...
Estávamos acostumadas
A não viver sem a nossa convivência...
Hoje, continuo a rir daquilo que nos fazia rir juntas.
Hoje Rezo e penso em você...
Principalmente quando ouço entoar a sua 2ª voz
Quando começo a cantar
O hino do Passarinho Beija flor composto por Santana;
Quando volto a solfejar Adriana Calcanhoto
Em “Piu-Piu sem frajola”;
E Embora o acesso Real
Às janelas e portas que me levam até você
Não estejam em minhas mãos;
Continuo Conversando com você
como se estivesse me esperando
para desembarcar sentada na poltrona
logo à Frente da minha...
Afinal, o Fio da Vida que nos une,
Continua Interligado...
Continua Conectado em Banda Larga!
Quem sabe seguindo o exemplo dos Satélites...
Você continua a me rastrear,
Como antes fazia por celular...
Diferenciada em alguns pequenos detalhes:
A tecnologia de que hoje dispõe é Universalmente
Bem superior que qualquer GPS.
E nenhuma força, por maior
Ou sobre-humana que se apresente,
Far-me-á esquecer-se de Você,
Que por muitos motivos e muitas vezes
Permitiu-me e permite
Sentir Alegria e Prazer em viver a Vida,
Acreditar e Esperar... 
Que se Cumpra a Vontade do Criador...
E quando chegar a minha hora,
Partirei a caminho de minha Travessia...
Com a inquietação de quem atravessa
Sem saber o que tem do outro lado...
Ou até de quem não sabe o que procura,
Mas sabe “o que” ou “quem” quer achar...
Remédio ou Poção a Todo desassossego
Que buscou o colo do equilíbrio
Como a insônia a busca do sono...
Desaparecerão os dilemas indecisos
 Frente às opções e as oportunidades;
E entre o que fui... O que sou e o que serei...
Não haverá mais espaço para o vazio
Em algum lugar...
Em Qualquer tempo...
Certo ou transitório...
Sei que nos Encontraremos...
Esta é uma de minhas Alegrias...
Este é um dos alimentos de minha Alma sedenta...
Que pede por seu colo...
Que quer sentir novamente muito Prazer em poder
Ouvir-lhe... Falar-lhe... Olhar-lhe... Cuidar-lhe...
Que quer sentir novamente muito Prazer em poder
Cantar e Gritar aos Quatro cantos do mundo:
Que “Nada é pequeno onde o Amor é Grande!”

Cleide Arantes

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