sexta-feira, 12 de outubro de 2012


A ALEGRIA E O PRAZER DO AROMA
NA ROUPAGEM DA NATUREZA


Há dias em que se tem a impressão de se estar cruzando uma dessas espessas camadas de fumaça ardida e sufocante – do tipo que nos deparamos pelas estradas quando “um incendiário criminoso” resolve atear fogo no verde das matas que desafia o lado obscuro de sua essência que se recusa a ser tão alegre e criativa quanto à alegria dissolvida em cada tom de verde encontrado na natureza. Tudo parece sufocar; e o coração fica triste e sem lugar. É a noite escura da alma que sente o cheiro da morte nas cinzas que aos poucos ocupa lugar no cenário da vida. Que sentimento estarrecedor! Dizem os entendidos que é a falta de Deus... Como!? Por que!? O que pode acontecer tão der repente que nos leva a nutrir tamanha angústia!? Porque se tem tornado tão fácil não lutar pelo crepitar das chamas que sempre manteve vivo o fogo de nossos sagrados corações!? A intempestividade com sua “necessidade” de cinzas tem uma força assustadora que quando quer se manifestar, nem ao menos temos tempo de uma brasa dela resguardar. Ela chega... Queima o que encontra à vistas... E com a mesma velocidade com que apontou, desaparece... E foi em um destes dias, que ao chegar de uma pequena viagem, ao abrir a janela do quarto, uma voz interior me disse: “Sinta no ar a energia que chega até você junto a este vento... Você precisa tomar chá de alecrim”. Voltei ao outro quarto; olhei mais de perto... Lá estava o nosso viçoso pé de alecrim... Confesso que nunca liguei muito para ele. Minha vizinha tinha mania de servi-lo como chá para todos os males... E eu já havia feito parte desta lista de atendimentos... Mas, naquele dia, com toda reverência, meu companheiro colheu alguns ramos, preparou-me um chá e o serviu em uma linda xícara. O aroma era muito agradável... Parecia haver ali um toque vindo dos céus... E, a cada gole que bebia, sentia a mente ir clareando. Uma sensação de bem-estar e alegria passou a ocupar minhas emoções... Foi se espalhando pelo corpo e por incrível que pareça em um curto espaço de tempo já estava sentindo uma enorme felicidade no coração... Conseguia me ligar a fatos que me proporcionavam aquele sentimento...
Impressionante como é a capacidade que esta planta possui de transmitir alegria!? Aliás, se pararmos para pensar, o nome alecrim já nos lembra de alegria... E nos reporta à Música Alegre...  Que cantava ainda menina... Alecrim Alecrim
Resolvi pesquisar a respeito e – veja só que maravilha! O alecrim – Rosmarinos officinalis, planta nativa da região mediterrânea – foi muito apreciado na Idade Média e no Renascimento, aparecendo em várias fórmulas, inclusive a “Água da Rainha da Hungria”, famosa solução rejuvenescedora. Elizabeth da Hungria recebeu, aos 72 anos, a receita de um anjo (um monge?) quando estava paralítica e sofria de gota. Com o uso do preparado, recobrou a saúde, a beleza e a alegria. O rei da Polônia chegou a pedi-la em casamento! Madame de Sévigné recomendava água de alecrim contra a tristeza, para recuperar a alegria. Rudolf Steiner afirmava que o alecrim é, acima de tudo, uma planta calorífera que fortalece o centro vital e age em todo o organismo. Além disso, equilibra a temperatura do sangue e, através dele, de todo o corpo. Por isso é recomendado contra anemia, menstruação insuficiente e problemas de irrigação sanguínea. Também atua no fígado. E uma melhor irrigação dos órgãos estimula o metabolismo.
O alecrim é digestivo e sudorífero. Ajuda a assimilação do açúcar (no diabetes) e é indicado para recompor o sistema nervoso após uma longa atividade intelectual. É recomendado para a queda de cabelo, caspa, cuidados com a pele, lesões e queimaduras; para curar resfriados e bronquites, para cansaço mental e estafa; ainda para perda de memória, aumentando a capacidade de aprendizado.
Existe uma graciosa lenda a respeito do alecrim: Quando Maria fugiu para o Egito, levando no colo o menino Jesus, as flores do caminho iam se abrindo à medida que a sagrada família passava por elas. O lilás ergueu seus galhos orgulhosos e emplumados, o lírio abriu seu cálice. O alecrim, sem pétalas nem beleza, entristeceu lamentando não poder agradar o menino. Cansada, Maria parou à beira do rio e, enquanto a criança dormia, lavou suas roupinhas. Em seguida, olhou a seu redor, procurando um lugar para estendê-las. “O lírio quebrará sob o peso, e o lilás é alto demais”. Colocou-as então sobre o alecrim e ele suspirou de alegria, agradeceu de coração a nova oportunidade e as sustentou ao sol durante toda a manhã. “Obrigada, gentil alecrim” – disse Maria. “Daqui por diante ostentarás flores azuis para recordarem o manto azul que estou usando. E não apenas flores te dou em agradecimento, mas todos os galhos que sustentaram as roupas do pequeno Jesus, serão aromáticos. Eu abençôo folha, caule e flor, que a partir deste instante terão aroma de santidade e emanarão alegria.” Que coisa maravilhosa esta lenda! Sinto-me mais feliz ainda em saber que como Maria meu olhar pode alcançar “a beleza do alecrim”. A energia subliminar projetada com meu olhar buscou no Alecrim o que poderia trazer um alívio imediato à m’alma! Então vale a pena questionar: De que forma olhamos para o nosso próximo e para o que nos cerca?  Há muito tempo se estudam as propriedades do olhar humano. É possível observar as consequências do raio do olhar, quando conjugado com a força do pensamento consciente. Ele atinge o alvo e o impregna. Um exemplo é o assim chamado “mau-olhado”. O raio do olhar pode curar, abençoar, regenerar e fazer prosperar. Mas, se impregnado de inveja, ódio, desconfiança, cobiça, raiva, egoísmo e tantos outros pensamentos destrutivos, pode até matar. Ao escolher o tipo de pensamento que projetamos com o raio do nosso olhar, estamos escolhendo entre servir as fileiras do bem ou do mal, entre cooperar com as forças evolutivas ou as destrutivas. Mas lembre-se bem deste velho ditado: “Quem semeia vento colhe tempestade”. A energia enviada realiza seu trabalho e depois retorna com força multiplicada, para quem a projetou.

Cleide Arantes.


Nenhum comentário:

Postar um comentário