segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

LOUCOS E SANTOS

 
Escolho meus amigos não pela pele
Ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador
E tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito
Nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta,
Quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias
E aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos,
Para que não duvidem das diferenças
 E peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada
E pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo,
Quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
Metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
Daqueles que fazem da realidade
 Sua fonte de aprendizagem,
Mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância
E outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam
O valor do vento no rosto;
E velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos,
Bobos e sérios, crianças e velhos,
Nunca me esquecerei de que "normalidade"
É uma ilusão imbecil e estéril.


Oscar Wild.

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