Ainda Hoje
Irritavas-te, ainda
hoje, no justo momento da caridade. E pensavas contigo
mesmo: “valerá suportar a bílis do companheiro encolerizado, desculpar o
insulto da ignorância, sofrer sem revolta
aos golpes da violência e ajudar aos que me incomodam na via pública?” Refletias
a extensão do mal e confiavas-te ao
desespero. Entretanto, não se pode julgar o campo pelo talo
de erva, nem avaliar espiritualmente a multidão
pelo movimento da praça. O amigo que te oferece o semblante áspero guarda provavelmente um espinho
de aflição a espicaçar lhe o peito, a pessoa que te injuria
talvez padeça lastimável cegueira, a mão que te fere expõe o próprio
desequilíbrio e esses rostos ulcerados que te pedem consolo trazem também
consigo um coração suspirando por Deus. Deixa
que a bondade se externe por ti, estendendo a fonte da esperança e a melodia da
bênção. Silencia a palavra candente e apaga todo impulso de crueldade . Ergue ainda hoje os que caíram. Amanhã, é provável necessites
escudar-te naqueles que levantas. Reflitamos no Eterno Amigo que passou na
Terra, compreendendo e servindo, sem descrer do amor, embora sozinho nos supremos testemunhos da própria fé. Ampara, alivia, ilumina e socorre sempre. Todo auxílio na obra do bem é uma prece silenciosa. E, toda vez que auxilias, o anjo da caridade está perto, orando também por ti.
MEIMEI
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