Com
o Cheirinho bom
de Vovó e Maria Ricarda...
Desde
meus tempos de menina, sou apaixonada por ervas... Minha sagrada vovó
sempre teve às mãos “um raminho” que curava tudo... Ainda
lembro-me bem de ir à casa de Dnª Maria Ricarda (uma gostosura de
senhora, que nos benzia semanalmente; mãe de um dos homens mais
inteligentes que tive o prazer de conhecer – Silvio Neves); ali, em
sua casa, bem cedinho ou à tardezinha, ficávamos por entre suas
plantas que tinham uma linda morada à frente de sua residência,
enquanto ela nos benzia – parecia mesmo o paraíso – tudo ali era
mágico – desde o cheirinho bom de... Mato!? Paraíso!? Até o som
da orquestra mais afinada que já pude ouvir... Formada pelas aves
que possuía junto aos pássaros que se atreviam assumir a direção
do espetáculo. Incrível como as plantas nos oferecem um mundo de
sensações e possibilidades... De aromas, formas e sabores
variados... Elas são, acima de tudo, simples e ao mesmo tempo
grandiosas em seu poder medicinal, cosmético, culinário, mágico e
tantos outros... Sempre estão prontas para cuidar do nosso corpo e
da nossa alma, sem cobrar-nos pela prestação de seus serviços.
Hoje, além de cultivá-las, tenho imenso prazer em usá-las para
embelezar e harmonizar minha casa, assim como meu corpo físico e
espiritual. É sabido por todos que desde a antiguidade lhe foi
designado um espaço privilegiado, por seu grande poder curativo. E,
através da história e permanência de seu uso, prevalecem sendo
usadas na fabricação de remédios, combatendo pestes, higienizando,
conservando, temperando e como importantes ingredientes das mais
variadas “poções” de encantamento, Amor e Ternura... O
herbalismo é um conhecimento milenar que passou de geração a
geração e ainda é muito significativo em nossos dias. Como as
ervas são sutis!!! Agem sem alarde, discretamente e a longo prazo... As
mais comuns e modestas costumam ser as mais preciosas. Nos tempos de
minha avó, as hortas nos quintais existiam em abundância...
Dificilmente uma casa não possuía uma hortinha em um de seus
cantinhos sagrados... E quando nascia uma plantinha diferente do que
haviam plantado, ouvi muito a vovó afirmar que “eram as mais
preciosas” pois as que nasciam espontaneamente, nos quintais, eram
as plantas de que mais aquelas pessoas um dia iriam precisar... Hoje
vejo que esta teoria pode ter um fundo bem caprichado de verdade... A
Arnica Campestre que “sem querer querendo” passou a florescer em
minha casa em uma simples caixa de isopor, foi a que mais me ajudou na
cicatrização das minhas feridas na época em que meu pai partiu
desta vida terrena... Como o Milefólio, a Malva (como sinto-me bem
com aquele cheirinho agradável que ela exala no momento em que vou
lhe dar de beber...) Assim, independentemente das inúmeras maneiras
em que são usadas, elas sempre são plantas que harmonizam, protegem
e curam nossas vidas...
Hoje, em companhia de meu
filho e meu companheiro, são
as maiores estrelas da minha horta e da varanda de minha existência!
Cleide
Arantes.
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