quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Cartão Postal Pankararú



A cara do índio tem numa pedra
No pé da serra na ladeira da Serrinha
Quem não viu tem que ver
O que a natureza pode fazer
Nas terras indígenas de Pankararu
Tomar banho de bica lá no Jitó
Dançar um toré pendurar um aio
Botar uma corrente de licuri
Fazer pade de feijão de corda
Assistir a tubiba e o menino no rancho
A garapa de cana na festa do imbu
Admirar os praias com a roupa de croá
Fumar um campiô com folha de arara
Oi dá tontura em quem nunca fumou
Tem Cacique Zé Auto com o tronco que herdou
Tem cultura e riqueza aqui sim sinhô
Somos filhos da terra somos Pankararu
Somos índios de guerra sopra o rabo do tatu
Tem o ritual que é do Cansanção
Tem Francisco Fernando com o maracá na mão
E fechando a festa tem o mestre guia
Em Joaquim Serafim na aldeia Serrinha

Gean Ramos


Estive em Pernambuco e conheci esta aldeia de índios Pankararus. Linda, ou melhor, maravilhosas algumas músicas e letras de Gean Ramos que canta em versos sobre a vida de seu povo. Mas que tristeza a vida vivida por este povo esquecido “naquele canto de difícil acesso”! Como poderia ser diferente!? Ano Novo, vida Nova! Levo agora ao Universo Minha Súplica pelo Reconhecimento e Valorização da Cultura de um povo que não pode morrer. A base da economia dos índios Pankararus “deveria” ser a agricultura. Disseram-me que antigamente as principais culturas que praticavam eram: a do feijão, do milho, mandioca, etc... E Hoje!? Também comercializavam a pinha, fruta típica da região (que agora quase não as avistamos mais – vi ali muitos de seus pés secos à frente das pequenas casas no caminho de descida para o centro da aldeia). Tinham também no artesanato uma fonte de renda complementar, além da fabricação de farinha de mandioca, que desconheço se continua sendo uma atividade comunitária entre os Pankararus. Ainda continuam sendo bem representados através de suas danças – a festa da Padroeira de Tacaratu é um dos momentos sagrados de suas maiores Apresentações. Quanto ao dialeto da tribo o que me passaram é que só existem alguns vestígios nos cantos que acompanham as danças. Tudo indica que a língua nativa deste povo não está conseguindo sobreviver. E seu Povo!? É preciso que vivam para serem vistos... É Preciso que sejam reverenciados por uma Nação e não apenas “lembrados” e conhecidos com certa dificuldade “por livre e espontânea pressão” através de músicas, versos e prosas de um bom proseador ou um bom historiador que sabem que podem "registrar" para arriscar a mudar o rumo da história de um povo com “a história” apreendida por suas experiências em meio ao povo que "em um tempo não tão distante" já foi muito mais seu do que se aparenta ser agora.

Cleide Arantes.


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