sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Pessoas mais Responsáveis,
Sensíveis e Alertas...



É difícil amar pessoas reais, porque uma pessoa real, não vai cumprir as suas expectativas. Ela não está aqui para cumprir as expectativas de qualquer outra pessoa. Ela tem que viver sua própria vida. E sempre que ela se move para algum lugar em desacordo com você ou não está em sintonia com seus sentimentos ou com suas emoções, torna-se difícil.  É muito fácil pensar sobre o amor. É muito difícil amar. É muito fácil amar o mundo inteiro. A verdadeira dificuldade é amar um ser humano único. É muito fácil amar a Deus ou a humanidade. O verdadeiro problema surge quando você se encontra com uma pessoa real e você a encara. Para encará-la é preciso passar por uma grande mudança e um grande desafio.  É preciso entender que este é um problema real. Não tem nada a ver com você pessoalmente. O problema tem a ver com todo o fenômeno do amor. Não o torne um problema pessoal, caso contrário, você estará em dificuldade. Todo mundo tem que enfrentar o mesmo problema, uns mais outros menos. Eu nunca encontrei uma pessoa que não tenha dificuldade em amar. Tem algo a ver com o amor, com o mundo do amor. O próprio relacionamento traz muitas situações onde os problemas surgem… e é bom passar por eles. No Oriente pessoas escaparam dos relacionamentos simplesmente por verem suas dificuldades. Eles começaram a negar seu amor, rejeitando o seu amor. Tornaram-se sem amor e chamaram isto de não apego. Por eles terem se tornado amortecido o amor quase desapareceu e só a meditação permaneceu no oriente. Meditação significa que você está se sentindo bem na sua solidão. Meditação significa que você está se relacionando apenas consigo mesmo. Seu círculo se completa com você mesmo, você não sai dele. É claro que 99 por cento dos seus problemas estão resolvidos – mas a um custo muito grande. Você será menos problemático. O homem oriental é menos ansioso, menos tenso… quase vive na sua própria caverna interior, protegido, com os olhos fechados. Ele não permite que a sua energia se mova. Ele faz um curto-circuito… um movimento de energia dentro de seu pequeno ser e ele estão felizes. Mas sua felicidade é um pouco morta. Sua felicidade não é uma alegria.  Assim, no Oriente tentamos viver sem amor, renunciando ao mundo – que significa renunciar ao amor – renunciar à mulher, ao homem, e todas as possibilidades onde o amor pode florescer.  No Ocidente justamente o oposto aconteceu. As pessoas tentaram encontrar a felicidade através do amor e elas criaram muitas dificuldades. Elas perderam todo o contato com elas mesmas. Elas se mudaram para longe de si mesmas e não sabem como voltar.  Elas não sabem onde está o caminho, onde está sua casa. Então, elas se sentem sem valor, sem-teto, e elas vão fazendo mais e mais esforços para amar tal mulher ou tal homem – heterossexual, homossexual, auto sexual. Elas vão tentar de todas as maneiras e, novamente, sentem-se vazias, porque o amor sozinho pode lhe dar felicidade, mas não lhe trará o silêncio que nele existe.  E quando há felicidade e não há silêncio, mais uma vez algo está faltando. Quando você está feliz sem silêncio, a sua felicidade será como uma febre – muita excitação… muito barulho pra nada. Esse estado febril criará muita tensão em você, e nada vai acontecer por estar correndo, perseguindo os desejos. E um dia se chega a perceber que todo o esforço foi sem fundamento, porque você tem tentado encontrar o outro sem ter encontrado a si mesmo. Ambas as maneiras tem falhado. O Oriente falhou porque tentou a meditação sem amor. O Ocidente falhou porque tentou amor sem meditação. Todo o meu esforço é dar-lhe uma síntese do todo – o que significa meditação com amor. A pessoa tem que ser capaz de ser feliz sozinha e deve também ser capaz de ser feliz com os outros.  Assim, a meditação deve ser um abrigo interior, um santuário interior. Sempre que você sente que o mundo é demais para você, você pode mover-se em seu santuário. Você pode ter um banho em seu ser interior. Você pode rejuvenescer. Você pode sair ressuscitado, novamente vivo, fresco, jovem, renovado… para viver, para ser. Mas, você também deve ser capaz de amar as pessoas e enfrentar os problemas, porque um silêncio que é impotente e não pode enfrentar problemas não é muito um silêncio, não vale muito. Só o silêncio que pode enfrentar problemas e permanecer em silêncio é algo a ser almejado, a se desejar. Então, duas coisas que eu gostaria de dizer: comecem a praticar meditação… Primeiro, porque é sempre bom começar a partir do próprio centro de seu ser, que é a meditação. Mas nunca ficar preso nela. A meditação deve mover-se em flor, desdobrar e se tornar amor. A segunda coisa, é participar de alguns grupos de terapia. E não se preocupe… não torne isto um problema – não é. É simplesmente humano, é natural. Todo mundo tem medo – tem que ter. A vida é tal que os medos têm que existir. E as pessoas que se tornam sem medo, não foram porque se tornaram corajosas – porque um homem corajoso só tem reprimido o seu medo, ele não é realmente destemido. Um homem torna-se sem medo, aceitando seus medos. Não é uma questão de coragem. É simplesmente olhar para os fatos da vida e perceber que esses medos são naturais. Quando são aceitos. O problema surge porque você quer rejeitá-los. Você tem sido ensinado com ideias muito egoístas – “Seja corajoso”. Que absurdo! Tolos! Como pode um homem inteligente evitar medos? Se você é estúpido, você não terá qualquer receio. Portanto, quando digo que você vai se livrar do seu medo, não quero dizer que não haverá temores na vida. Você vai saber que noventa por cento dos seus medos são apenas imaginação. Dez por cento são reais e é preciso aceitá-los. Eu não torno as pessoas corajosas. Eu torno-as mais responsáveis, mais sensíveis e alertas. E estar alerta é suficiente. Elas se tornam conscientes de que elas podem usar seus medos também como trampolins. Então não se preocupem.”

Osho.

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