O menino azul
O menino quer um burrinho
Para passear.
Um burrinho manso,
Que não corra nem pule,
Mas que saiba conversar.
O menino quer um
burrinho
Que saiba dizer
O nome dos rios,
Das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.
O menino quer um
burrinho
Que saiba inventar histórias bonitas
Com pessoas e bichos
E com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo
mundo
Que é como um jardim
Apenas mais largo
E talvez mais comprido
E que não tenha fim.
(Quem souber de um
burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
Ao Menino Azul que não sabe ler.)
Cecília Meireles.
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