terça-feira, 13 de novembro de 2012



O menino azul



 O menino quer um burrinho

 Para passear.

 Um burrinho manso,

 Que não corra nem pule,

 Mas que saiba conversar. 



O menino quer um burrinho

 Que saiba dizer

 O nome dos rios,

 Das montanhas, das flores,

 — de tudo o que aparecer. 



O menino quer um burrinho

 Que saiba inventar histórias bonitas

 Com pessoas e bichos

 E com barquinhos no mar. 



E os dois sairão pelo mundo

 Que é como um jardim

 Apenas mais largo

 E talvez mais comprido

 E que não tenha fim. 



(Quem souber de um burrinho desses,

 pode escrever

 para a Ruas das Casas,

 Número das Portas,

 Ao Menino Azul que não sabe ler.)



  Cecília Meireles.

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