sábado, 29 de dezembro de 2012


Mais Um Ano de Vida que Tem...


   
   



Meu filho ontem completou 06 anos – “sou nova mamãe madura” deixei projetos de carreira para me dedicar com ternura à maternidade. Posso dizer “de cadeira” – a melhor época de minha estrada; deparei-me com o velho jargão: de que a vida começa aos 40... E realmente o foi... Pois, comecei literalmente... “Precisava aprender a ser Mãe – descobrir o real significado de “Amorosa” – aquela que cuida; é a fonte do alimento; ensina a dar os primeiros passos; com o coração “em frangalhos”, abre a porta da gaiola e diz para a ave do espírito: É chegada tua hora, voa..." – foi assim que enfrentei a realidade de ter que permitir que meu filho saísse de nosso seguro ninho para “comer bichinhos diferentes” longe de nossas asas – Começaria a estudar e eu me dedicaria mais aos meus trabalhos para o nosso “digno sustento”. Herdei de minha mãe qualidades que me seguram e até me ajudam a ousar: Forte, batalhadora, guerreira... Qualidades que mesmo adormecidas por um período, após persegui-las com certa assiduidade, surgem como nos inícios das peças teatrais, diante das cortinas abertas para me ajudar a vencer a dor, os obstáculos, o preconceito e retomar minha vida profissional com muita certeza de que vale a pena acreditar que a vida é muito mais do que as simples emoções e sentimentos que apreendemos no decorrer de nossa caminhada. Aqui estou! Tenho à minha frente uma nova oportunidade de ser feliz – continuo deixando-me guiar pelo coração... E o coração muitas das vezes nos prega peças estranhas – exatamente quando por não aceitarmos ou não entendermos as atitudes de pessoas que temos uma afeição muito grande, passamos a agir de forma agressiva e talvez muito pior do que estas pessoas pelas quais condenamos. Incrível, mas é inadmissível o quanto ainda somos presos ao fato do “que o outro pensa da gente”. Apesar de ter fotografado vários aniversários de crianças que não entendem o motivo de tanto barulho, tantas pessoas que nunca viu; sempre discordei de festas feitas para crianças que ainda não desejam “ser festejadas” - chegam a chorar, ficam traumatizadas com festas, às vezes até pelo resto de suas vidas... Por isso e muito mais fiz opção por não festejar o aniversário de meu filho por alguns anos. Há dois anos não o faço por dois grandes motivos – Há meu ver, aniversário de criança sem família – do tipo vó, tias, primos, etc... por perto acaba perdendo um pouco aquele calor “que só pode vir do ninho” e todos os nossos familiares moram distantes de nossa cidade. O problema que nós mães “maduras” enfrentamos é que em nossas amizades se não há netos por perto, também não há crianças; o outro fator é aquele que tem segurado a barra da calça da maior parte dos brasileiros: financeiro. Como festejar como se deve, tendo tanta coisa para se colocar em dia!? E infelizmente, festinhas em casa como se fazia antigamente, para partilhar de uma grande dádiva, tem se tornado cada dia “uma raridade”. Hoje em dia tanto os pais como as crianças tem “se conscientizado” pela lógica do Capitalismo que bom mesmo são as festas nos “buffet” – afinal, eles oferecem de tudo – menos o principal – e a festa mais chique e badalada é disputada por pessoas que “sempre estão por dentro de todos os acontecimentos”. Mas uma coisa me deixa intrigada: porque um simples presente ou uma pequena lembrança só pode ser dada quando se faz uma festa!? Como é triste e dói ver uma criança que se aniversaria, tem amigos que são lembrados diariamente; amigos que aprendeu a Amar, ter zelo e na sua inocência de criança, espera por uma lembrança naquele dia tão especial dada por eles!? E quando o dia termina, sem festa, os amigos ou amigas não vieram, muito menos o presente – é claro que na sua Santa Inocência não deveria faltar. O que será que nos leva a dar ou “escolher o bom presente” para quem aniversaria!?” O Amigo Rico!? Que não pode ganhar um presentinho de pobre – comprado fora das lojas conceituadas!? Mas se ele é rico!? Com certeza sua criança tem muita coisa espetacular; então por isto preciso presentear com algo extraordinário!? Incrível como não percebemos que muitas vezes deixamos de presentear “quem dizemos amar” e sabemos o que aquela criaturinha gosta ou precisa e reforçamos a tese de que “o rico cada vez fica mais rico” quando “presenteamos com algo extraordinário – para não fazer feio – quem não precisa” – o ajudamos a se distanciar de nossa classe economicamente falando – Com um presentinho melhor que pagamos parcelado – sem perceber que retardaremos nossa ascensão na triste divisão de classes e reforçamos nosso voto na permanência ou subida daquele que recebeu um pouco mais para manter acumulado o que sempre teve e terá – porque de um modo geral quem recebe um presente parcelado, não parcela o que compra – não pelo fato de não precisar – é porque ele pode possuir visão moderna de um presentinho de criança – que se contenta com tudo – e não gasta com algo bom por ser desnecessário – criança cresce rápido ou estraga tudo mesmo. Ele é rico, moderno, afinal quem contestará suas ideias!? Como a Vira Mundo – vira o Mundo de quem já o tem virado, com todas as suas possibilidades de alargar sua imaginação!? Como seria bom se pudesse virar o Mundo de crianças que vivem uma “rotina linear e dura”; difícil até de sonhar! Graças ao meu Bom Deus, meu filho é uma criança dotada da vivacidade e alegria – por isso se agrada e se encanta com tudo – não foi criado diferenciando o que vem de um lugar ou de outro – Mas sentiu em seu coraçãozinho a falta daquelas pessoas que aprendeu a visitá-las e presenteá-las em seus aniversários. Fiquei envenenada ao vê-lo sofrer; mais ainda com suas interrogações difíceis de serem sanadas – porque nem mesmo eu entendo o que passa pela mente destas pessoas que estão cada vez mais insensíveis aos verdadeiros valores que alimentam nossa existência. E Assim, procuro continuar refazendo minha vida de mãe que não pode se permitir morrer aos poucos “com um veneno” produzido por mim mesma a partir de um sentimento de indignação ou mágoa – afinal como dizia minha sagrada avó: “filha ela ou ele é assim! – você não poderá mudá-los – nem os dedos de nossas mãos são iguais” Você gostaria de se comportar como eles!? Sempre respondi não; ela completava: "Então filha, é o que lhe basta! Seja você! Siga seu Coração! Tudo tem seu Tempo! Aprendemos cedo ou tarde o que se é preciso ser aprendido; não podemos esperar dos outros o que eles não querem dar, pois compaixão não se aprende em livros – brota de nossos corações espontaneamente  sem que seja preciso ouvir uma súplica, desde que a exercitemos diariamente– Sábias palavras as suas, vovó! Preciso reforçá-las em Meus Pensamentos e Coração. Agora depois desta frágil reflexão materna já me sinto mais serena e em paz... Tive como Terapeuta um Divã Universal...

Cleide Arantes. 




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