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Um Ano de Vida que Tem...
Meu
filho ontem completou 06 anos – “sou nova mamãe madura” deixei
projetos de carreira para me dedicar com ternura à maternidade.
Posso dizer “de cadeira” – a melhor época de minha estrada;
deparei-me com o velho jargão: de que a vida começa aos 40... E
realmente o foi... Pois, comecei literalmente... “Precisava
aprender a ser Mãe – descobrir o real significado de “Amorosa”
– aquela que cuida; é a fonte do alimento; ensina a dar os
primeiros passos; com o coração “em frangalhos”, abre a porta
da gaiola e diz para a ave do espírito: É chegada tua hora, voa..."
– foi assim que enfrentei a realidade de ter que permitir que meu
filho saísse de nosso seguro ninho para “comer bichinhos
diferentes” longe de nossas asas – Começaria a estudar e eu me
dedicaria mais aos meus trabalhos para o nosso “digno sustento”.
Herdei de minha mãe qualidades que me seguram e até me ajudam a
ousar: Forte, batalhadora, guerreira... Qualidades que mesmo
adormecidas por um período, após persegui-las com certa
assiduidade, surgem como nos inícios das peças teatrais, diante das
cortinas abertas para me ajudar a vencer a dor, os obstáculos, o
preconceito e retomar minha vida profissional com muita certeza de
que vale a pena acreditar que a vida é muito mais do que as simples
emoções e sentimentos que apreendemos no decorrer de nossa
caminhada. Aqui estou! Tenho à minha frente uma nova oportunidade de
ser feliz – continuo deixando-me guiar pelo coração... E o
coração muitas das vezes nos prega peças estranhas – exatamente
quando por não aceitarmos ou não entendermos as atitudes de pessoas
que temos uma afeição muito grande, passamos a agir de forma
agressiva e talvez muito pior do que estas pessoas pelas quais
condenamos. Incrível, mas é inadmissível o quanto ainda somos
presos ao fato do “que o outro pensa da gente”. Apesar de ter
fotografado vários aniversários de crianças que não entendem o
motivo de tanto barulho, tantas pessoas que nunca viu; sempre
discordei de festas feitas para crianças que ainda não desejam “ser
festejadas” - chegam a chorar, ficam traumatizadas com festas, às
vezes até pelo resto de suas vidas... Por isso e muito mais fiz
opção por não festejar o aniversário de meu filho por alguns
anos. Há dois anos não o faço por dois grandes motivos – Há meu
ver, aniversário de criança sem família – do tipo vó, tias,
primos, etc... por perto acaba perdendo um pouco aquele calor “que
só pode vir do ninho” e todos os nossos familiares moram distantes
de nossa cidade. O problema que nós mães “maduras” enfrentamos
é que em nossas amizades se não há netos por perto, também não
há crianças; o outro fator é aquele que tem segurado a barra da
calça da maior parte dos brasileiros: financeiro. Como festejar como
se deve, tendo tanta coisa para se colocar em dia!? E infelizmente,
festinhas em casa como se fazia antigamente, para partilhar de uma
grande dádiva, tem se tornado cada dia “uma raridade”. Hoje em
dia tanto os pais como as crianças tem “se conscientizado” pela
lógica do Capitalismo que bom mesmo são as festas nos “buffet”
– afinal, eles oferecem de tudo – menos o principal – e a festa
mais chique e badalada é disputada por pessoas que “sempre estão
por dentro de todos os acontecimentos”. Mas uma coisa me deixa
intrigada: porque um simples presente ou uma pequena lembrança só
pode ser dada quando se faz uma festa!? Como é triste e dói ver uma
criança que se aniversaria, tem amigos que são lembrados
diariamente; amigos que aprendeu a Amar, ter zelo e na sua inocência
de criança, espera por uma lembrança naquele dia tão especial dada
por eles!? E quando o dia termina, sem festa, os amigos ou amigas não
vieram, muito menos o presente – é claro que na sua Santa
Inocência não deveria faltar. O que será que nos leva a dar ou
“escolher o bom presente” para quem aniversaria!?” O Amigo
Rico!? Que não pode ganhar um presentinho de pobre – comprado fora
das lojas conceituadas!? Mas se ele é rico!? Com certeza sua criança
tem muita coisa espetacular; então por isto preciso presentear com
algo extraordinário!? Incrível como não percebemos que muitas
vezes deixamos de presentear “quem dizemos amar” e sabemos o que
aquela criaturinha gosta ou precisa e reforçamos a tese de que “o
rico cada vez fica mais rico” quando “presenteamos com algo
extraordinário – para não fazer feio – quem não precisa” –
o ajudamos a se distanciar de nossa classe economicamente falando –
Com um presentinho melhor que pagamos parcelado – sem perceber que
retardaremos nossa ascensão na triste divisão de classes
e reforçamos nosso voto na permanência ou subida daquele que
recebeu um pouco mais para manter acumulado o que sempre teve e terá
– porque de um modo geral quem recebe um presente parcelado, não
parcela o que compra – não pelo fato de não precisar – é
porque ele pode possuir visão moderna de um presentinho de criança
– que se contenta com tudo – e não gasta com algo bom por ser
desnecessário – criança cresce rápido ou estraga tudo mesmo. Ele
é rico, moderno, afinal quem contestará suas ideias!? Como a Vira
Mundo – vira o Mundo de quem já o tem virado, com todas as suas
possibilidades de alargar sua imaginação!? Como seria bom se
pudesse virar o Mundo de crianças que vivem uma “rotina linear e
dura”; difícil até de sonhar! Graças ao meu Bom Deus, meu filho
é uma criança dotada da vivacidade e alegria – por isso se agrada
e se encanta com tudo – não foi criado diferenciando o que vem de
um lugar ou de outro – Mas sentiu em seu coraçãozinho a falta
daquelas pessoas que aprendeu a visitá-las e presenteá-las em seus
aniversários. Fiquei envenenada ao vê-lo sofrer; mais ainda com
suas interrogações difíceis de serem sanadas – porque nem mesmo
eu entendo o que passa pela mente destas pessoas que estão cada vez
mais insensíveis aos verdadeiros valores que alimentam
nossa existência. E Assim, procuro continuar refazendo minha vida de
mãe que não pode se permitir morrer aos poucos “com um veneno”
produzido por mim mesma a partir de um sentimento de indignação ou
mágoa – afinal como dizia minha sagrada avó: “filha ela ou ele
é assim! – você não poderá mudá-los – nem os dedos de nossas
mãos são iguais” Você gostaria de se comportar como eles!? Sempre respondi não; ela completava: "Então filha, é o que lhe basta! Seja você! Siga seu Coração! Tudo tem seu Tempo! Aprendemos cedo ou tarde o que se é preciso ser aprendido; não podemos esperar dos outros o que eles não querem dar, pois compaixão não se aprende em livros – brota de nossos corações espontaneamente sem que seja preciso ouvir uma súplica, desde que a exercitemos diariamente" – Sábias palavras as suas, vovó! Preciso reforçá-las em Meus Pensamentos e Coração. Agora depois desta frágil reflexão materna já me sinto mais serena
e em paz... Tive como Terapeuta um Divã Universal...
Cleide
Arantes.
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