E Por Falar em Jardim...
Muitas são as vezes que nos
rebelamos ou choramos por desacreditar que ainda possamos conseguir “construir
o jardim de nossos sonhos”. Parece que “as pragas que viajam no vento”, sempre
estão encontrando guarida nas plantinhas alegres, coloridas, atrativas e
suculentas que crescem em nosso jardim. E então também nos pomos “a praguejar”
– reclamamos desde o primeiro instante de nossa plantação – da preparação do
solo, onde havia nos faltado pás e rastelos; onde sentíamos descontentes com o
reduzido espaço, com a falta de dinheiro para a compra dos adubos, com o tempo
curto para regá-lo, etc... Gastamos um enorme tempo “praguejando até os
problemas que não existem mais” em vez de estarmos procurando reinventar novas
soluções para o brotamento do jardim de nossos sonhos. Será que é tão difícil
entender que primeiro O NOSSO JARDIM tem que ser edificado em nosso coração!?
Que o espaço fora é apenas um detalhe!? Que se nosso jardim for feito de forma
verdadeira, ele irá se alimentar com sol e com chuvas, com luas e calores e,
especialmente, com nossa sensibilidade que alimenta sensações vestidas de verde
e ornadas com flores inventadas!? Penso que nosso jardim é algo tão intimo, tão
pessoal, que nada pode impedir que ele cresça e floresça, se este for o nosso
verdadeiro desejo. O nosso principal jardim é aquele cantinho escondido que
sempre está disposto a servir-nos de refúgio e nos admite, para que possamos
ser invisíveis perante todos e, desse modo, nos seja facilitado mergulhar
dentro de nossa alma carente de água fresca, cores e flores perfumadas. Ele não
precisa ter estilo extravagante, requintado, exclusivista, nem de grandes
complicações, talvez nem de plantas raras e caras. Entretanto, não pode carecer
de emoção, e essa emoção não pode ser comprada, deve comover o lado um tanto
camuflado que temos dentro de nós – para
isto precisamos colher as sementes que germinarão graças às nossas vontades e a
nossa imaginação. Esse jardim é algo íntimo e insondável, por isso a aprovação
alheia passa a não ter “o menor valor” – a satisfação deve vir da nossa Alma!
Afinal nós é que vamos sentir os aromas e o rumor da brisa gracejando ao tocar
os mais simples moradores que ali fizeram morada. Os Privilegiados a sentir o
que o jardim pode nos revelar, somos nós... Mesmo que ele seja apenas nosso
confidente; seja o único a partilhar do inexplicável, nos dando gotas de
orvalho em troca de nossas lágrimas; mesmo que inicialmente nosso jardim esteja
protegido por uma cerca de enigmas, às vezes florida, outras apenas verdes, ou já
em outras secas... Importará apenas o fato de SER nosso jardim... A nós ele
sempre estará reservado... Precisamos Acreditar no poder da Magia que o envolve
a cada vez que nos dispomos cultivá-lo e visita-lo. Não há sombra de dúvida que
Ele é e precisa ser o nosso espaço silencioso; o nosso cantinho misterioso e desconhecido
do mundo – o que não quer dizer que ali devemos permanecer por todos os dias de
nossa existência. Ele é “um lugar secreto só nosso” para nos dar as coordenadas
“das regras de sobrevivência” na Floresta da Vida – Cheia de cascatas
cristalinas, raras vegetações, raros animais assim como regras entremeadas de
pântanos, erosões vulcânicas, animais perigosos, etc... E exatamente porque
ali, podemos permanecer alimentando desejos de mudar e até, quem sabe, aparecer
de modo marcante, como por um milagre fora do nosso paraíso utópico é que
precisamos encarar com naturalidade a atração e o desafio pedidos pelas
sementes semeadas naquele espaço que nos fora reservado para as Horas Sagradas
e exclusivas entradas.
Cleide Arantes.
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