LOUCOS E SANTOS
Escolho meus amigos não pela pele
Ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador
Tem que ter brilho questionador
E tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito
A mim não interessam os bons de espírito
Nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta,
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta,
Quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias
E aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos,
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos,
Para que não duvidem das diferenças
E peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada
Escolho meus amigos pela alma lavada
E pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo,
Não quero só o ombro e o colo,
Quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
Metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
Daqueles que fazem da realidade
Sua fonte de aprendizagem,
Mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância
E outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam
Crianças, para que não esqueçam
O valor do vento no rosto;
E velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos,
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos,
Bobos e sérios, crianças e velhos,
Nunca me esquecerei de que "normalidade"
É uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wild.
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