quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Depois do sol...


 

Fez-se noite com tal mistério,
Tão sem rumor, tão devagar,
Que o crepúsculo é como um luar
Iluminando um cemitério. . .
Tudo imóvel. . . Serenidades. . .
Que tristeza, nos sonhos meus!
E quanto choro e quanto adeus
Neste mar de infelicidades!
Oh! Paisagens minhas de antanho. . .
Velhas, velhas. . . Nem vivem mais. . .
— As nuvens passam desiguais,
Com sonolência de rebanho. . .
Seres e coisas vão-se embora. . .
E, na auréola triste do luar,
Anda a lua, tão devagar,
Que parece Nossa Senhora


Pelos silêncios a sonhar. . .

Cecília Meireles

Nenhum comentário:

Postar um comentário