Flavia Wesceslau agua de lavar

Água de Lavar

Minha mãe lavando roupa
Entre os pássaros do quintal
Claro dia de verão a tremular no varal

E eu, menino sonhador, olhando o vento a balançar
Pano claro em branco dia iluminou meu olhar
E eu, menino sonhador, olhando o vento a balançar
Pano claro em branco dia iluminou meu olhar

Água de lavar, água de lavar, água de lavar

Daquele pano escorriam cristais de azul-turquesa
Anis que do céu emanavam numa manhã de pureza
Minha mãe lavando roupa, clareava o algodão
E a espuma daquela água eram nuvens em minhas mãos

Minha mãe lavando roupa, lavava assim aquele dia
Cristais do céu nos cristais do dia e nas águas cristalinas
Minha mãe lavando roupa, clareava o algodão
Lavava minha vida inteira na fonte do seu coração

Água de lavar, lavadeira
Água de lavar, mãe clareia

O céu, a roupa, o vento, uma voz e uma canção
No brilho do dia, um momento gravou-se no meu coração

Todo azul da minha vida tingia em minha visão
O pano que mãe estendia, fazenda de amor e algodão
Todo azul da minha vida tingia em minha visão
O pano que mãe estendia, fazenda de amor e algodão

Minha mãe lavando roupa, lavava assim aquele dia
Cristais do céu nos cristais do dia e nas águas cristalinas
Minha mãe lavando roupa, clareava o algodão
Lavava minha vida inteira na fonte do seu coração

Água de lavar, lavadeira
Água de lavar, mãe clareia

Flávia Wenceslau