Em um
Canto do Mundo
Nossa Casa, mesmo que
um tanto diferente daquele tempo que aqui vivemos, ainda é a MATÉRIA que enleva
minha história vivida a cada amanhecer, integrando
os acontecimentos “aqui acontecidos” – ao meu corpo e minha Alma. Em cada
cômodo, em cada canto, em cada móvel, nossa história se refaz com um novo
brilho, em vez de se esvair com o tempo. Porque será que esta casa me permite
desenvolver o sentimento de “fortaleza!?” Sim,
ela é a matéria que me permite SER FORTE; permite-me o sentimento de que minha força está aliada e integrada
a meus pensamentos, lembranças e sonhos – sinto que esta “aglutinação” me
distancia da triste ideia de dispersão... Da dispersão que aos poucos “apaga o
Sagrado” e apaga a necessidade de manter vivo o Sonho... A vida... Que precisa
da Matéria para se manifestar... E o Meu
Canto do Mundo, a “nossa casa edificada em Uberaba” me livra de sentir-me
estrangeira; livra-me do medo da Morte... Com a Sorte do Chico que Vive... E eu
a sinto viva... Muitos dos sonhos que juntas sonhamos estão ganhando forma...
Estão se materializando... E ao mesmo tempo em que em nossa casa NOSSOS SONHOS
SE MATERIALIZAM, cresce a vontade e
torna-se parte preponderante o apreender da vida “o plasmar diferenciado na
difícil coexistência do partilhar, do comungar” à medida que convivo BUSCANDO
NA VIDA melhorar a sintonia dos padrões vibratórios que não só partem de mim;
como também chegam até mim... A casa que abrigou nossos primeiros devaneios me
ensinou e me serviu de suporte para reconfortar–me na solidão da madrugada de
uma rodoviária inabitada – lembra-se da viagem Uberaba a Itaúna que
forçosamente havia “baldeação” em Pará de Minas!? Lá foi um dos lugares
desprotegidos e desconhecidos que pude construir imaginariamente uma muralha
segura – exatamente porque O MEU CANTO DO MUNDO retirou de minha energia a
necessidade de ser “ferrada com o ferro quente do sentimento de estrangeira”;
do convencionalismo ou do modismo de ter que sintonizar NA ONDA DO OUTRO; NA
ONDA DO MEDO... NA ONDA DA FICTÍCIA SEGURANÇA que só “o outro pode firmar” – a
acabarmos por ficar sempre a mercê do "outro nos proporcionar" a tão
esperada paz. Você bem sabe que não é fácil, Amiga... E desta sintonia tenho
procurado me desligar... Sem que “do outro” precise me afastar... Ainda hoje, nas
experiências do espaço da NOSSA CASA, nossas memórias e imaginações se
confundem; nossas lembranças de intimidade continuam ganhando novas tonalidades
ao envolverem–se com o presente que É MINHA MAIOR DÁDIVA, mesmo que o meu corpo
físico se encontre distante da matéria
que me permitiu lhe ser apresentada e em seguida compartilhar da
Grandiosidade de sua Alma que outrora havia sonhado em ser mãe... Mais tarde me
chamou de filha... E juntas nos cuidamos, também discordamos, fizemos nossas
orações, festejamos, choramos, escrevemos nas páginas de nossas memórias,
experiências que vividas dentro ou fora de nossa casa, nenhum cientista terá
acesso à Fórmula ou Receita – pertencem exclusivamente a nós... E as páginas da
Eternidade... Se a Ela nos pertencemos... A Ela Voltaremos e nos
reencontraremos para juntas fazermos as devidas correções baseadas na Gramática
que nos permitirá a impressão da Verdadeira história que começou a ser escrita
em um canto do mundo, bem pertinho de Chico, de Carlos, de Lia, de Cida, de
Arminda, de Loreto, de Edson... De Peirópolis, de Uberaba com meu Paulo o
Apóstolo... O cantinho de muitos no Universo, que como eu precisavam se lembrar
de que sangue é vida... E a vida veio do Pó... Do Pó que Edifica... Faz
Morada... É Alicerce para o Céu ou estágio certo no “xilindró”...
Cleide Arantes.